Oh Happy Days!

To whom it may concern,

Ontem, já ao final de um dia de trabalho, fui presenteado com uma notícia especial.

Estavamos num ambiente profissional - se bem que por estes lados isso signifique sempre boa disposição e bem estar - eu, confesso, um pouco em baixo com alguns aspectos, quando subitamente, depois de uma brincadeira muito bem montada, surge uma ecografia na mesa...

"Por isso, estou grávida de 9 semanas" - disse ela com o seu sotaque impecável e com um tom sorridente.

A euforia foi imensa, um turbilhão de energia, de satisfação por uma notícia que todos queríamos, esperávamos, mas que já tinhamos quase esquecido.

Mas em mim, em mim, surgia uma chama morna mas refrescante de felicidade. Parecia que tinha, por momentos, passado por uma emoção que me tinha de alguma forma purificado e dado uma satisfação que há muito não sentia...

Peguei nisto tudo. Peguei nestes sentimentos e fiquei o resto da noite a pensar neles. A pensar no porquê de, tudo visto de forma mais racional, estar tão eufórico com a gravidez de uma colega de trabalho que conheço há apenas 2 meses... e pensei, e pensei..

Não cheguei a conclusão nenhuma. Lamento. Mas agi sobre o que irracionalmente vou sentindo, e se uma situação para o qual não tive tempo - e se calhar ainda bem, que houvesse muitas mais assim - para pensar me causou tanta felicidade, então vou saboreá-la!

Além do mais, quero lá saber de processos de socialização em que me incutem que tenho de conhecer melhor alguém para partilhar sentimentos, afinal de contas, sou o único que chora com as imagens de uma criança a centenas de milhares de kms de distância que morre à fome?

E por isso, ao chegar de manhã, quis dar um beijinho à mãe do actual bébé de 22 mm. Não conheço acto mais sincero e sentido que um beijinho. Não me lembro de ter um sentimento tão sincero e tão sentido como o que surgiu com esta notícia.

Merci beaucoup miúda!