| Kemo Alquimista |

What's in a name?
Kemo - abreviatura de kemosabe, a palavra apache para "aquele que possuí muito conhecimento"... ou não, who knows?
Alquimista - aquele que procura mais e melhor, conhecimento, vivência, momentos e experiência. E um livro que mudou a minha perspectiva da vida...
So welcome to the jungle, we've got fun n games!

13 May 2006

Heal The World...

To Whom It May Concern,

Já fiz várias sinceras tentativas de escrever este post pelo menos 3 vezes, mas há sempre algo que me leva a não o postar.

Antes de mais gostaria de explicar 2 coisas: o motivo algo negativo que me levou a escrever este texto; e o porquê do título.

Começando pelo título, é em honra a uma conversa que decorreu há vários meses, à mesa, num jantar acompanhado por pessoas que significam muito na minha vida. Já nem me lembro como se gerou a discussão, nem como aquilo foi "building up", mas sei que me tocou de uma forma muito profunda, e que foi, à medida do razoável, um epifania.

Não entrando em muito pormenor, discutia-se o estado da Humanidade, das atitudes das pessoas, de política, de crenças e de filosofias de vida. Nada "soft", mas acima de tudo todos sinceros e com uma paixão de quem está a dizer o que acha, o que sente, o que acredita, e que o faz diante dos seus melhores amigos e das suas namoradas.

E com um nível de ruido já (pouco) aceitável, um amigo meu interrompe e diz-me: "Já sei qual é o teu hino: Heal the World, make it a better place for you and for me and the entire Human Race...". Na altura soltei uma gargalhada! Todos soltámos. Pelo timing, pela quebra no assunto acalorado, e pela hipérbole adequada ao meu discurso e posição.

Mas o pior foi o que veio depois. Acho (ou melhor, tenho quase a certeza absoluta) que foi nessa altura, não pela música dedicada, mas pela posição que eu estava a defender com alguma agressividade, que comecei a decidir que tinha de mudar a minha forma de estar na vida porque aquilo que eu fazia, o meu dia-a-dia, não correspondia ao que eu acreditava tão profundamente e que tinha estado a defender nessa noite.

O motivo que eu apelido de algo negativo e que me leva a escrever, é bem mais recente, e sinceramente espero que não me interpretem como arrogante ou "altivo" quando o tentar explicar...

Por educação (mas hoje em dia muito mais por maneira de ser) comporto-me da seguinte forma nestas determinadas ocasiões:

. Se passo por alguem à noite perto de casa no passeio e somos os únicos na rua digo "Boa noite";
. Quando entro no elevador e partilho um espaço com cerca de 4 mts quadrados com alguem sorrio e digo algo;
. Agradeço amabilidades no trânsito.
. Ao cruzar-me com um colega de trabalho nas escadas ou num corredor digo "olá";
. E ia continuando...

O surreal... o que me intriga... o que até estranho porque não consigo perceber ou entender exactamente o porquê, é que muito muito raramente me respondem...

Atenção, não o faço porque quero que me respondam. Faço-o porque (à parte claro da questão da educação que tive...) acho uma forma de passar boa energia, de partilhar simpatia, ou até mesmo de trocar um sorriso no meio de tanto negativismo que hoje em dia parece rodear tudo...

Mas o que levará alguem a não responder quando confrontado com um "olá", com um "bom dia", "boa tarde" ou "boa noite"? Que mal pode acontecer ao mundo se eles responderem? Receiam algo? É porque é inesperado? Sinceramente não chego a nenhuma razão... mas razão mesmo razão... que eu entenda exactamente.

Ai está o título. Ai está a conclusão de todas estas linhas.

Eu talvez não devesse ficar tão "melindrado" (nova buzz word! hehe), e percebam que não fico chateado ou irritado. É mais um sentimento de tristeza... de achar que é tão fácil responder e corresponder, tão simples, e podia fazer tanta diferença...

Enfim... lá vou cantando a música para mim próprio enquanto me preparo para arrancar hoje para a minha primeira incursão (de muitas outras que espero mais prolongadas...) pelo continente Africano. Tenho um feeling que vou encontrar algumas respostas a questões por lá...

Até ao regresso!

2 Comments:

  • At 4:27 am, Anonymous Anonymous said…

    É preciso coragem para mudarmos, principal e primeiramente em nós, aquilo que achamos que vai menos bem, que não se encaixa no que vamos sendo. Ou no que estamos para ser. Uma profunda e reflectida coragem. Não te prendas demasiado nos negativismos alheios. Não os alimentes. Saúda e cumprimenta sempre, na rua, no café, em casa. Vive a tua alegria, se é alegria o que sentes. Pois Bom Dia!, Boa Tarde!, Boa Noite! as vezes que forem precisas. Quando chegarem as tuas tristezas, vive-as também. E volta à alegria.
    Já que te apanho a saltar continentes em busca da reflexão que aqui te não assiste, olha, deixo-te umas palavras de Fernando Namora, um poema que copiei em cadernos de escola. A propos.
    "Cantar d'Amigo:
    Estrangeiro! talharam-nos em redor fossos, limites/ e o cerco das fronteiras./ Estrangeiro! ninguém entendeu, e nem tu, estrangeiro,/ que entre nós não existem cordilheiras.// Ficaste de mãos desastradas, indiferentes,/ quando a minha vida roçou a tua vida./ De olhos parados, indiferentes,/ quando passei a teu lado.// Estrangeiro! ficou-me esse desperdício de um adeus,/ que as tuas mãos frias não disseram,/ nem os teus olhos vidrados,/ nem a tua boca selada,/ mas o que eu pressenti, como alguém à beira de um cais,/ ao ver sair paquetes com gente que nos é estranha,/ agitando lenços estranhos,/ alguém que sofre por nada./ Iludimos a vida, amigo!/ E como para ultrapassar as fronteiras,/ os fossos,/ as ironias,/ bastaria um só olhar!...// Não, estrangeiro! vamos misturar o sangue dos rios,/ o abismo dos mapas,/ fazer qualquer coisa!/ Misturar, misturar."

    Bon voyage! Até ao teu regresso.
    Bisous

    Ana

     
  • At 7:00 am, Anonymous Anonymous said…

    Obrigado por este post tão bonito. Por (nos) lembrares que não estamos sós e que há mais quem pense como nós, apesar de nem sempre ser um caminho fácil e muitas vezes solitário.
    Ass. Blue Moon

     

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