| Kemo Alquimista |

What's in a name?
Kemo - abreviatura de kemosabe, a palavra apache para "aquele que possuí muito conhecimento"... ou não, who knows?
Alquimista - aquele que procura mais e melhor, conhecimento, vivência, momentos e experiência. E um livro que mudou a minha perspectiva da vida...
So welcome to the jungle, we've got fun n games!

09 February 2007

O Amor é F***do

To Whom It May Concern,

By following a smile in the night... and then by finding a virtual path that I followed, made me come upon a fantastic blog.

Tenho seguido de perto as peripécias das "Quatro", com maior atenção numa que já me visitou nestas linhas, e queria deixar aqui uma homenagem aos últimos post de tema: BSide com um texto que li há muitos anos e que teve um impacto em mim incrível...

Lembro-me que na altura tinha sofrido com um primeiro namoro - daqueles que há só mesmo um, que nunca mais esqueceremos, e que nos moldará duma forma indescrítivel e involuntária - e que ao ler estas linhas pela primeira vez não as percebi, não me faziam sentido, pareciam descabidas.

Hoje em dia ao olhar para trás percebo-as de forma assustadora. Tremo só de pensar que muitas vezes me controlo ou não "jump head over heels" porque um dia correu mal... porque "ela ou aquela" me fizeram sofrer... lamento o tom melancólico e confesso que estou a achar até demasiado lamechas... mas a verdade é que sempre fui de acreditar que:

"Dance like nobody is watching,
Laugh like nobody is listening,
And love like you've never been hurt before..."

Mas será mesmo assim?

(Quem não conhece o meu "murder on the dance floor pelos andares do Lux?" ou a minha gargalhada sádica com engasgadela?hehehe)

Deixo à vossa consideração o tal texto do genial Miguel Esteves Cardoso:

“Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas.Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber.

Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão.

Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.

Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e é mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões.

O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática.

O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.

Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.

Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, banançides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.

Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?

O amor é uma coisa, a vida é outra.

O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".

Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos.
Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade.

Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo.

O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. é uma questão de azar.

O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra.

A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina.

O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima.

O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente.

O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.

O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessýria. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser.

O amor é uma coisa, a vida é outra.

A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.

Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz.

Não se pode ceder. Não se pode resistir.

A vida é uma coisa, o amor é outra.

A vida dura a Vida inteira, o amor não.

Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."

2 Comments:

  • At 4:02 am, Blogger Mother Goose said…

    Obrigada por me relembrares de um livro que adorei ler.
    O amor é F***do, mas a vida não me faz sentido de outra forma: tudo o que vale a pena conseguir passa por nos esforçarmos para a alcançar, e se o preço a pagar for umas quantas “negas”, eu estou disposta a arriscar!

    Não sei se a pessoa que te referias era eu ou se qualquer uma das outras três mas deixo aqui um obrigado sincero pelo elogio às “funtastic four” ;)

    Espero que continues a “aparecer”.
    Bjs,
    Dragon

     
  • At 4:27 am, Blogger kemo said…

    Dragon,

    From a hilarious (yet quite meaningful and right now quite appropriate) motion picture:

    "Life is not the amount of breaths you take, it's the moments that take your breath away."

    E são esses momentos que, with some pain for all the gain, procuro viver com todo o significado possível. Mas mais ainda, que humildemente espero que também te proporcione ao leres algo que escreva :)

    Acho que era para ti, nao tenho a certeza, ja nao vejo o tal sorriso ha muito tempo pela noite ;) mas também ando meio ausente...

    I'll definetely be around "here", "there" and everywhere.

    Bjs e thanks for being around as well*

     

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